domingo, 27 de dezembro de 2009

Oração pelas Vocações

Senhor da messee pastor do rebanho,faz ressoar em nossos ouvidoso teu forte e suave convite:"Vem e segue-me"!Derrama sobre nós o teu Espírito,que Ele nos dê sabedoriapara ver o caminhoe generosidadepara seguir a tua voz.Senhor,que a messe não se percapor falta de operários.Desperta as nossas comunidadespara a missão.Ensina a nossa vidaa ser serviço.Fortalece os que queremdedicar-se ao Reino,na vida consagrada e religiosa.Senhor,que o rebanhonão pereça por falta de pastores.Sustenta a fidelidadedos nossos bispos,padres e ministros.Dá perseverançaaos nossos seminaristas.Desperta o coraçãodos nossos jovenspara o ministério pastoralna tua Igreja.Senhor da messee pastor do rebanho,chama-nos para o serviçodo teu povo.Maria, Mãe da Igreja,modelo dos servidores do Evangelho,ajuda-nos a responder "sim".Ámem.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Votos Pobreza, Obediência e Castidade.


POBREZA:

Jesus era pobre. Possuía menos que as raposas e as aves do céu e não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8,20).Na cruz, até sua túnica foi sorteada e não possuía mais nem amigos (Jo 19,23-44). = Por isso os religiosos são também pobres. Nenhum deles possui nada. Todos os bens são comuns, como os primeiros cristãos (At 2,44). O voto de pobreza não é nada mais que um compromisso de partilha em todos os níveis: intelectual, profissional, de dotes, de cultura etc. É também a intenção de empregar os bens materiais para a construção do Reino de Deus. = "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me" (Mt 19,21).

CASTIDADE:

Jesus também não se casou. Ele podia muito bem ter-se casado, mas não quis, para poder ser mais disponível a todos os que precisassem dele. Uma vez ele explicou que há pessoas que não se casam para poder dedicar-se mais ao Reino de Deus. Mas depois acrescentou: só entende isso aquele a quem é dado entender (Mt 19,12). Isto é, só entende aquele a quem Deus dá este carisma, esta vocação. Você já percebeu que quem mais se preocupa com o casamento dos padres não são os padres nem as freiras, mas os outros? O voto de castidade leva o religioso a jamais excluir alguém da sua amizade, do seu afeto. Isolar alguém é o maior pecado contra o voto de castidade. Este vem libertar o afeto de qualquer delimitação. Por tudo isso se vê que os votos não bloqueiam as riquezas e potencialidades da pessoa, pelo contrário, as dinamizam. Outra característica de voto de castidade é a alegria. Um indivíduo que consegue passar um ano inteiro de cara fechada, mostra claramente que não tem vocação para este voto!
Os padres, os Irmãos e as Irmãs não se casando, não querem que este gesto signifique um menosprezo ao casamento. Pelo contrário: não se casam para valorizar mais o sacramento do matrimônio. Por exemplo:

Cuidando das crianças abandonadas,
de velhinhos que as famílias rejeitam ou dos quais não têm condições de cuidar,
procurando unir os casais que estão em crise,
dando catecismo às crianças para suprir a falta de ensino religioso no lar etc.

De mais a mais, todos os religiosos são filhos de matrimônios. Como poderiam desprezá-lo?

"Todo aquele que tenha deixado casa ou irmãos ou irmãs ou pai ou mãe ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna" (Mt 19,29).

Os religiosos querem dar também aos votos um sentido profético de denúncia às três grandes raízes do pecado:
Abuso do prazer e do sexo: voto de castidade.
Abuso do dinheiro e da riqueza: voto de pobreza.
Abuso do poder e da autoridade: voto de obediência.

Qual dessas três vocações específicas (leiga, sacerdotal e religiosa) é mais importante? - Nenhuma! Todas são igualmente importantes. O importante mesmo é o modo com que se vive cada uma!

Congregação ou Ordem Religiosa é um grupo de religiosos (padres, irmãos ou irmãs) que vivem juntos, formando como que uma família religiosa. Vivem em comunidades (as casas religiosas) e procuram dedicar-se juntos ao serviço de Deus e dos irmãos.O que distingue uma Congregação Religiosa da outra é a sua missão na Igreja e no mundo.

CARISMA:

A palavra carisma vem do grego "cháris" que significa graça, dom. É um dom do Espírito Santo para o serviço dos irmãos. O carisma nunca é dado para o benefício da própria pessoa (ou instituição) e sim para o benefício dos outros. O Espírito Santo distribui carismas não só para pessoas individuais, mas também para grupos, instituições e até para Continentes, como por exemplo, o carisma da Igreja da América Latina. Entre as instituições, destaca-se o carisma das Congregações Religiosas. Para se conhecer o carisma de uma Congregação, precisamos primeiro conhecer o carisma de seu fundador. Os dois não se identificam, mas um nasce do outro. Podemos distinguir o carisma do fundador, o carisma de cada membro da Congregação e o carisma da Congregação como tal. Não é que um fundador receba um carisma, que vá sendo partilhado ou distribuído entre os membros. Cada membro recebe um carisma pessoal direto do Espírito Santo, através do qual vai continuar (não repetir) o carisma do fundador, pois os membros da Congregação vivem em situações históricas diversas das do fundador, exigindo, portanto, uma resposta evangélica diferente.

VOCAÇÃO RELIGIOSA.



"O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo. Um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai e vende tudo o que possui e compra aquele campo" (Mt 13,44).


Religiosos são cristãos que gostam muito de Deus e querem dedicar sua vida toda a ele e aos irmãos. Eles encontram em Deus sua segurança, sua alegria, sua realização total. Querem continuar não tanto os gestos de Cristo (vocação sacerdotal), mas sua vida para serem diante do mundo e dos demais cristãos um exemplo vivo (não no papel ou em palavras) do Evangelho, do projeto do Reino de Deus que Jesus deixou. Eles acreditam que o Evangelho é a melhor solução para os problemas do mundo. E mais: que ele não só é plenamente possível de ser vivido hoje, mas faz muito feliz quem o segue. Mas veja bem: não é tanto "conhecer" ou "anunciar" o Evangelho que faz a pessoa feliz e resolve os problemas do mundo, e sim vivê-lo! Para provar isso os religiosos se decidem em primeiro lugar a viver o Evangelho com radicalidade, isto é, de forma intensa e generosa.

O grande amor que os religiosos têm a Deus se reverte num grande amor ao próximo (1Jo 4,20), especialmente aos mais pequeninos com os quais Jesus se identificou. Por isso é que eles se dedicam a cuidar: * das crianças pobres,* dos jovens,* dos doentes,* dos velhinhos,* dos desamparados...

Os religiosos dedicam-se também, de acordo com os dons de cada um: - Ao anúncio do Evangelho pelas mais diferentes formas; - À luta pelos direitos humanos e pela justiça; - À formação e animação de comunidades; - Ao serviço missionário; - Ao serviço litúrgico; - À educação; - À catequese;

Lembrando-se de Jesus que disse: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles" (Mt 18,20), os religiosos reúnem-se em comunidades e procuram se amar como se fossem uma família. Acontece, porém, que os religiosos não se escolhem para morar juntos. São pessoas de temperamentos diferentes, idades, culturas, regiões e até países diferentes que passam a viver como irmãos! Você já pensou colocar um grupo de homens ou de mulheres morando numa mesma casa, sem que eles se escolham, e depois combinarem e viverem felizes? É um sinal do Reino ou não? Por aí se vê que não é para fugir do mundo que os religiosos entram no convento, mas, ao contrário, para testemunharem a fraternidade entre si e irem ao encontro das pessoas. Só que de uma forma diferente: Amando-as por causa de Deus. A própria palavra convento vem do verbo latino "convenire" que significa reunir-se, encontrar-se. (Desse verbo vem também a palavra convênio que significa encontro, reunião.) O convento é uma casa, um lugar de encontro. Encontro dos religiosos entre si e com as pessoas da cidade, para se amarem e se enriquecerem mutuamente de Deus. Alguns jovens querem tornar-se religiosos como sacerdotes. São padres e também religiosos. Vivem em Comunidade e fazem parte de uma Congregação religiosa. Há outros jovens que querem ser religiosos como Irmãos. Vivem também em Comunidade, fazem parte de uma Congregação religiosa sem serem padres. Assim, numa mesma Congregação, há Padres e Irmãos que vivem juntos, cada um desempenhando sua missão e juntos testemunhando o Reino de Deus entre os homens. E há também as religiosas. São aquelas moças que sentem o chamado de Deus a deixar tudo e colocar-se inteiramente a serviço dos irmãos mais necessitados. Essas moças procuram conhecer várias Congregações e aquela que mais se identificar com seus anseios, com a missão a que se sentem chamadas, nessa vão receber uma preparação adequada para posteriormente consagrarem a vida a Deus como religiosas. São Irmãs ou freiras.
Os religiosos fazem votos de pobreza, obediência e castidade. Por quê? Para imitarem a Jesus mais de perto nesses três aspectos: Pobreza, Obediência e Castidade.

O que é vocacão

O que é a vocação sacerdotal?

A vocação ao sacerdócio é:

- Um mistério de amor entre Deus que, por amor, chama ao homem que, também por amor, lhe responde livremente.

- Um chamado para ser a ponte entre Deus e os homens.

- Um chamado a continuar no mundo e salvá-lo, mas não ser mais do mundo.

- A decisão de um jovem que quer dedicar a vida para ajudar aos irmãos a salvarem suas almas e a tornar este mundo mais conforme com o que Deus pensou.

A vocação ao sacerdócio não é:

- Um sentimento: costuma-se dizer ´eu sinto a vocação´. Na verdade a vocação não se sente. É, antes, uma certeza interior que nasce da graça de Deus que me toca a alma e que me pede uma resposta livre. Caso Deus chame, a certeza irá crescendo na medida em que a sua resposta for mais generosa.

- Um destino irrevogável, iniludível: Muitos acreditam que quem tem a vocação vai porque vai. Não! A vocação é um mistério de amor e o amor é livre. Se eu não respondo com generosidade, o chamado de Deus fica frustrado.

- Um refúgio para quem tem medo da vida.

- Uma carreira como qualquer outra. Não! É uma história de amor.

- Uma segurança matemática. Na verdade, na vocação sacerdotal você tem que aceitar o risco do amor, mas lembre-se: é um risco nas mãos de Deus.


A Vocação Humana: uma Abordagem
Antropológica e Filosófica

O trabalho de acompanhamento de jovens em suas escolhas vocacionais revelou que, a despeito do acesso a informações e processos de autoconhecimento, eles encontravam-se inseguros e insatisfeitos diante de suas opções profissionais. Tornou-se evidente a necessidade de compreender esta dificuldade de escolha entre os jovens e de buscar possibilidades de enfrentá-la através do processo de Orientação Vocacional.

1. Escolha profissional: dificuldades atuais e perspectivas

“...Com Deus existindo, tudo dá esperança:

sempre o milagre é possível, o mundo se resolve.

Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem,

e a vida é burra.”

(João Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas, p. 48).

O momento da opção profissional tem se revelado como dotado de uma crescente dificuldade de escolha entre os jovens, constatada por especialistas em Orientação Vocacional, por pesquisas acadêmicas e pela grande imprensa.

Nos resultados de uma pesquisa realizada em 1992, sob coordenação da Profª. Drª. Maria de Lourdes Ramos da Silva, com alunos de graduação da Universidade de São Paulo apurou-se que “acentua-se a significativa porcentagem de alunos dos últimos anos que, se lhes fosse possível voltar novamente ao momento do vestibular, não escolheriam novamente o mesmo curso”. (Silva 1992, p. 99). A evasão de cursos universitários tem aumentado (quase metade dos alunos que entram na faculdade a cada ano no Brasil desistem do curso — cf. Revista Veja de 20/08/97) gerando prejuízo não apenas pessoal; mas, também, social afetando especialmente as instituições públicas, cujos recursos acabam por não ser adequadamente aproveitados. A causa desta evasão, certamente, não está na falta de informações ou de opções. O problema reside na incapacidade de decidir-se, de posicionar-se e, principalmente, na falta de critérios claros para tomar tais decisões.

A sociedade contemporânea, em grande parte, revela muita insegurança e incerteza quanto a valores: não há pontos de referência estáveis. Isto gera crise e confusão, tornando muito difícil para o homem atual identificar, em última instância, “o que vale a pena” e dedicar-se a isto; o afastamento das questões mais essenciais como o porquê da existência, um sentido ou causa à qual entregar a vida, gera esquecimento ou inexistência de critérios para orientar e sustentar decisões ou ações: “a modernidade destruiu a metafísica do ser e terminou autodestruindo a metafísica do sujeito. Resta uma débil ontologia na qual a realidade é substituída por sua representação. (...) Diante do vácuo do simples rechaço, a educação precisa ‘encontrar o fundamento’ tanto para uma compreensão da realidade quanto para orientar e justificar as nossas próprias ações.” (Garcia Hoz 1988, p. 119).

A dificuldade do homem contemporâneo de tomar consciência de si mesmo, de posicionar-se diante da realidade e a experiência freqüente de indecisão, são conseqüências de uma mentalidade que, negligenciando a necessidade deste fundamento, não favorece a descoberta de valores, nem um autêntico desenvolvimento humano. Não havendo uma clara hierarquia de valores, a postura assumida diante de situações que exigem soluções imediatas é a de relatividade, sem aprofundamento das razões das escolhas ou atitudes a serem assumidas.

À confusão de valores, soma-se a instabilidade da economia e do mercado de trabalho. A forma atual de organização do trabalho, sempre mais competitiva e em rápida transformação, tem exigido definição profissional cada vez mais precoce e, ao mesmo tempo, oferecido uma crescente disponibilidade de mão de obra. Para os jovens, cada vez mais novos ao serem solicitados a uma definição neste universo profissional, é necessário oferecer algo que transcenda as perspectivas instáveis e dramáticas do mercado de trabalho. Esta urgência vem sendo captada por educadores que apontam a necessidade de educar para o mundo do trabalho e não apenas para o mercado de trabalho. “Deve-se formar para o mundo do trabalho ou para o mercado de trabalho? Formar para o mundo do trabalho significa capacitar o educando a viver de forma cooperativa e útil na sociedade em que se insere; já formar para o mercado de trabalho é buscar fornecer mão-de-obra exigida pelo processo produtivo.” (Silva 1998, p. 115). Ao realizar a escolha profissional dentro deste contexto dinâmico e instável é necessário considerar não estritamente a profissão, mas concebê-la dentro de uma dimensão mais ampla e, ao mesmo tempo essencial, que é a da vocação, possibilitando transcender o nível ocupacional inclusive para poder incluí-lo ou transformá-lo.

É necessário que, ao realizar uma opção tão fundamental como a vocacional que, em princípio envolve toda a vida, o jovem possa ser convidado a aproximar-se, a perguntar-se sobre o sentido e finalidade de seu existir. Às questões normalmente colocadas como ‘o que gosto de fazer?’, ‘o que me dá prazer realizar?’, ‘o que sei fazer?’, ‘com qual profissão me darei bem na vida?’, devem ser acrescentadas: ‘a que sou chamado?’, ‘que sentido pode haver no trabalho que desejo realizar?’, ‘qual a finalidade do meu existir?’. Assim, no processo de orientação vocacional, além das dimensões psico-sociológicas, devem ser igualmente consideradas as dimensões antropológica e filosófica, que são fundamentais para o entendimento da vocação humana.

Considerar uma questão do ponto de vista filosófico significa buscar a verdade sobre ela, exige uma preocupação com o todo e não apenas com sua aplicação, seu uso imediato. Nessa perspectiva, para apreender o que há de essencial acerca da vocação do homem deve-se partir da grande interrogativa sobre o ser do homem, de suas características idiossincráticas. Desta forma, partindo da concepção de pessoa - segundo os autores contemporâneos Josef Pieper, Viktor Frankl, Luigi Giussani -, de algumas categorias que apresentem tanto as potencialidades especificamente humanas quanto a expressão delas no relacionamento com a realidade, pode-se chegar a uma compreensão mais ampla da vocação humana - a partir também de filósofos contemporâneos como Julían Marías e Alfonso Lopez Quintás -, de forma a oferecer aos jovens subsídios para realizar uma escolha e um caminho vocacional mais humanos.

Sílvia Regina Rocha Brandão
Fac. de Artes S. Marcelina (S. Paulo)